terça-feira, 31 de outubro de 2017

O atlas literário de Daniel Mordzinski, o "fotógrafo de escritores

Os escritores são como personagens para Daniel Mordzinski, 57 anos, 40 de fotografia. A exposição Objectivo Mordzinski, que fica até Dezembro na Casa da América Latina, em Lisboa, mostra 200 retratos. 
Como se conta uma história? Por exemplo, escolhendo não a contar e assumindo em vez do papel do contador de histórias a pele de leitor. “Seria pretensioso afirmar que elejo os escritores. O que confere muita liberdade ao meu trabalho é uma soma de casualidades, causalidades”, diz Daniel Mordzinski num castelhano acentuado pela intenção de prender quem o ouve. “Uma vez, em Paris, fui fotografar Paul Auster. Era um daqueles encontros em hotéis de cinco estrelas em que entra um jornalista a cada 20 minutos. Chegou a minha vez e fiquei subjugado por aquela personagem, aquela voz que falava um francês impecável; ele percebeu que não estava em frente de um fotógrafo, mas de um leitor, e, num momento um pouco incómodo, disse-me: ‘desculpe, a conversa está muito interessante, mas...’ e mostrou-me o relógio. Faltavam cinco minutos e continuámos a falar. Não fiz fotos.” Dois anos, depois voltaram a cruzar-se. Auster tinha esquecido todos os encontros daquele dia em Paris, mas lembrava-se do fotógrafo que não lhe fizera uma única fotografia. “Graças a essa não-foto da primeira vez pude fazer fotos únicas dele na cidade literária de Saint-Malo”, conta o fotógrafo argentino ao PÚBLICO no momento em que se prendem às paredes da Casa da América Latina, em Lisboa, as últimas imagens da exposição Objectivo Mordzinski, um verdadeiro atlas da intimidade, resultado de um trabalho de 40 anos e da sua relação com escritores de todo o mundo, sobretudo ibero-americanos.



Paul Auster não está entre os escolhidos no conjunto que Mordzinski trouxe para mostrar na capital portuguesa. São 200 retratos, dos quais 70 são de autores portugueses (Saramago, Agustina, Lobo Antunes, Eduardo Lourenço...). “O espaço é limitado e trouxe imagens que penso que fazem sentido aqui e que, entre elas, possam resultar numa narrativa harmoniosa. Demasiadas fotos matam as fotos”, justifica o fotógrafo, que construiu uma espécie de Rayuela – o jogo da macaca que deu título ao celebre romance de Julio Cortázar – onde se agrupam os portugueses. Na sala contígua está o que se pode chamar de coração da exposição, e o princípio de tudo. Uma figura masculina de rosto ao alto, ponto iluminado em fundo negro; o homem cego na foto a preto e branco é Jorge Luis Borges, e esta é a primeira fotografia de um escritor da vida de Mordzinski. Foi tirada em 1978, era ele estudante na Escola Panamericana de Arte e trabalhava como estagiário num filme sobre o escritor argentino. Confessou-lhe a sua admiração e ousou pedir-lhe para o fotografar. Entretanto instalava-se a ditadura militar na Argentina e Daniel Mordzinski mudava-se para Paris. Ainda não tinha 20 anos.

Alguém que leia 

A fotografia de Daniel Mordzinski tornou-se um dos mais célebres retratos de Jorge Luis Borges. Era a homenagem de um leitor, e seria sempre assim nas fotografias que se seguiram, com o fotógrafo argentino sempre à procura de captar qualquer coisa da essência de um escritor.
Objectivo Mordzinski é uma exposição antológica. No princípio houve Borges e depois é segui-lo. O olhar que agora percorre as paredes é o de Mordzinski sobre a sua própria obra. O que vê ele agora quando olha cada um daqueles retratos, sabendo dos detalhes apagados, editados, invisíveis, do caminho que levou a cada um deles? “Gosto que cada um chegue a uma história a partir da imagem que fiz.”
Em cada foto, há um nome e uma data. “Cheguei à fotografia por amor a literatura. Em criança gostava muito que me contassem histórias até que comecei a contá-las eu. Quando penso numa exposição ou num livro, quando faço uma foto, sugiro ao observador também uma história. Essa história às vezes tem uma leitura cronológica, como aqui.” A seguir a Borges, estão os primeiros retratos. Julio Cortázar, Álvaro Mutis, Francisco Coloane, Ernesto Sábato, Adolfo Bioy CasaresJuan José SaerEduardo Galeano, José Donoso, Guillermo Cabrera Infante, Mario Benedetti, Claribel Alegría, Camilo José Cela e... "O meu poeta preferido”, aponta Mordzinski, parando em frente a outro rosto de um homem, o olho direito dele fixo na objectiva, meio de perfil, enquadrado por um postigo numa porta de madeira. O resto da cara fica na sombra, numa nostalgia atenuada por uma árvore a insinuar sol naquela imagem a preto e branco como todas as anteriores. É Roberto Juarroz. “É um poeta total, é um poeta que me acompanha quando estou feliz, quando estou triste, quando estou apaixonado; é um poeta que sabe ver o que muitos não sabem traduzir, que me ensinou muito com um só verso – 'la luz, toda la luz no alcanza para ver en el fondo la imagen que aparece cuando nadie mira...'. É preciso mais, mais do que fotografia, mais do que literatura, que nada disso vale se não há alguém que olhe, alguém que leia.”

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Halloween no séc. XXI



Dia das Bruxas (Halloween é o nome original na língua inglesa) é uma celebração observada em vários países, principalmente no mundo anglófono, em 31 de outubro, véspera da festa cristã ocidental do Dia de Todos os Santos. Ela começa com a vigília de três dias do Allhallowtide, o tempo do ano litúrgico dedicado a lembrar os mortos, incluindo santos (hallows), mártires e todos os fiéis falecidos.

Acredita-se que muitas das tradições do Halloween originaram-se do antigo festival celta da colheita, o Samhain, e que esta festividade gaélica foi cristianizada pela Igreja primitiva. O Samhain e outras festas também podem ter tido raízes pagãs. Alguns, no entanto, apoiam a visão de que o Halloween começou independentemente do Samhain e tem raízes cristãs.
Entre as atividades de Halloween mais comuns, estão festas a fantasia, praticar "doce ou travessura", decorar a casa, fazer lanternas de abóbora, fogueiras, jogos de adivinhação, ir em atrações "assombradas", contar histórias assustadoras e assistir filmes de terror. Em muitas partes do mundo, as vigílias religiosas cristãs de Halloween, como frequentar os cultos da igreja e acender velas nos túmulos dos mortos, permanecem populares, embora noutros lugares seja uma celebração mais comercial e secular. Alguns cristãos historicamente se abstém de carne no Dia das Bruxas.


Agora com a consciência de escolhas alimentares e não só, o "doce ou travessura" pode tornar-se um grande pesadelo!!


Tradução do cartoon

- "Tem guloseimas sem glúten, senhora?"
-"Não consigo comer nozes"
-"Sou caramelofóbico!"
-"Tenho alergia ao nougat..."
- "Só orgânicos!"
-"Sou intolerante à lactose..."
-"Tem doces sem género masculino nem feminino?"

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Outubro- Mês Internacional da Biblioteca Escolar - "Ligando Comunidades e Culturas"

Programa (clique para ampliar)


As Bibliotecas Escolares de todo o mundo celebram neste mês de outubro o "Mês Internacional da Biblioteca Escolar", segundo os princípios estabelecidos pela International Association of School Librarianship - IASL (Associação Internacional das Bibliotecas Escolares). 

O lema adotado este ano pela IASL foi ""Connecting Communities and Cultures" traduzido para português para "Ligando Comunidades e Culturas".

As bibliotecas escolares do Agrupamento de escolas de Vilela irão desenvolver atividades neste âmbito ao longo deste mês de outubro (ver programa)

Além disso, o Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares, em Portugal, decidiu declarar o dia 24 de outubro como o Dia da Biblioteca Escolar, reservando este dia para a realização de atividades específicas, embora também se levem a efeito iniciativas nos outros dias do mês.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

A biblioteca mais bonita e mais ecológica em todo o mundo fica em Mafra

Os morcegos são o "elo de ligação de uma perfeita harmonia entre o património cultural e natural. Os morcegos são os grandes aliados da preservação dos livros porque comem os insectos e, de uma forma ecológica, resolvem um problema complicado e grave sem o recurso a químicos."


São várias as referencias a nível internacional e vão todas no mesmo sentido: a biblioteca do Palácio Nacional de Mafra é das mais bonitas, mais singulares e com uma natural associação entre a riqueza do conteúdo e a sua beleza.
Curiosamente o destaque da beleza é porque não foi acabada. Foram feitos os preparativos para a pintura e colocação de retratos mas isso não sucedeu.

Um tom suave e ameno, propício para a descoberta dos quase 36 mil volumes. Um acervo único em Portugal e raro em todo o mundo. Há exemplares únicos em Portugal e em alguns casos apenas mais dois ou três em todo o mundo.

A colecção de livros vai do século XV ao XIX e funciona como um verdadeiro repositório do saber na Europa nesta época.

D. João V enviou emissários à procura do melhor que era produzido. Até “trouxeram” uma Bula papal, de Bento XIV que em 1754 permitiu à Biblioteca do Palácio ter livros proibidos.

São ainda algumas centenas e têm uma inscrição onde é feita a referência sobre a proibição. A maior parte incidem em temas religiosos (Reforma) ou temas esotéricos. O terceiro grupo de obras proibidas é sobre temas sociais onde se questiona o poder absoluto do rei e a organização social que pouco depois foi profundamente alterada com a Revolução Francesa.


A última particularidade: os morcegos. São, como afirma Teresa Amaral, a bibliotecária responsável, o elo de ligação de uma perfeita harmonia entre o património cultural e natural. Os morcegos são os grandes aliados da preservação dos livros porque comem os insectos e, de uma forma ecológica, resolvem um problema complicado e grave sem o recurso a químicos.

Para favorecer esta “aliança” os morcegos não são hostilizados, pelo contrario são criadas as chamadas zonas de conforto. Desconhecem-se onde estão as colónias. Estudos permitem concluir que durante o inverno permanecem no interior da Biblioteca e no verão ficam nas árvores.

Aqui encontra elementos sobre a história da Biblioteca, aqui sobre a consulta de livros e, por último, sobre o Palácio Nacional de Mafra.

A biblioteca mais bonita em todo o mundo faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio,  A biblioteca mais bonita em todo o mundo, pode ouvir aqui.

Fonte: Viajens

terça-feira, 26 de setembro de 2017

O euducador moderno, por C. S. Lewis

A tarefa do educador moderno não é derrubar florestas, mas irrigar desertos.

Fonte da imagem: BioTerra
Para aprofundares um pouco e conheceres mais sobre vida e obra de C.S. Lewis visita aqui ou o site oficial da Fundação C.S. Lewis

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Todos Pensam de Forma Diferente, e Muitas Vezes Efémera, por Goethe

"Cada indivíduo vê o mundo - e o que este tem de acabado, de regular, de complexo e de perfeito - como se se tratasse apenas de um elemento da Natureza a partir do qual tivesse que constituir um outro mundo, particular, adaptado às suas necessidades. Os homens mais capazes tomam-no sem hesitações e procuram na medida do possível comportar-se de acordo com ele. Há outros que não se conseguem decidir e que ficam parados a olhar para ele. E há ainda os que chegam ao ponto de duvidar da existência do mundo. Se alguém se sentisse tocado por esta verdade fundamental, nunca mais entraria em disputas e passaria a considerar, quer as representações que os outros possam fazer das coisas, quer a sua, como meros fenómenos.


Porque de facto verificamos quase todos os dias que aquilo que um indivíduo consegue pensar com toda a facilidade pode ser impossível de pensar para um outro. E não apenas em relação a questões que tivessem uma qualquer influência no bem estar ou no sofrimento das pessoas, mas também a propósito de assuntos que nos são totalmente indiferentes. "

Johann Wolfgang von Goethe, in 'Máximas e Reflexões'

Fonte: BioTerra

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Aprender a Estudar, por José Carlos Ary dos Santos

Rui Silva - Paisagem Alentejana com Ceifeiros

Estudar é muito importante,
mas pode-se estudar de várias maneiras…

Muitas vezes estudar não é só aprender o que vem nos livros.

Estudar não é só ler nos livros que há nas escolas.
É também aprender a ser livres, sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante,
às vezes, urgente.
Mas os livros não são o bastante para a gente ser gente.
É preciso aprender a escrever,
mas também a viver,
mas também a sonhar.
É preciso aprender a crescer,
aprender a estudar.

Aprender a crescer quer dizer:
aprender a estudar,
a conhecer os outros,
a ajudar os outros,
a viver com os outros.
E quem aprende a viver com os outros
aprende sempre a viver bem consigo próprio.

Não merecer um castigo é estudar.

Estar contente consigo é estudar.

Aprender a terra,
aprender o trigo
e ter um amigo
também é estudar.

Estudar também é repartir,
também é saber dar o que a gente souber dividir
para multiplicar.

Estudar é escrever um ditado
sem ninguém nos ditar;
e se um erro nos for apontado
é sabê-lo emendar.

É preciso, em vez de um tinteiro,
ter uma cabeça que saiba pensar, pois,
na escola da vida, primeiro está saber estudar.

Contar todas as papoilas de um trigal
é a mais linda conta que se pode fazer.

Dizer apenas música, quando se ouve um pássaro,
pode ser a mais bela redação do mundo…

Estudar é muito, mas pensar é tudo!



José Carlos Ary dos Santos (1937-1984)

sexta-feira, 23 de junho de 2017

As origens da Festa de S. João

Márcia Marostega- Lembrança da Festa Sanjoanina

As Festas do S. João, no nosso País  mais conhecidas e típicas são as do Porto, em Braga e a Festa da Bugiada, em Sobrado, Valongo e remontam a períodos pré-cristãos.

Estas celebrações  incluem-se num conjunto de comemorações populares de Junho. a nível europeu e internacional, chamadas Festas Juninas centradas no solstício de verão (no hemisfério norte) e de inverno (no hemisfério sul).

De origem europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde", que se tornou a famosa árvore de natal, a fogueira a volta do 24 de junho tornou-se, pouco a pouco, na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia.

As labaredas das fogueiras acesas em lugares públicos expressam o Sol ("Na noite de S. João, / vou fazer uma fogueira (…)". Popular)

Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as Festas de São João Europeias (da Estónia a Portugal, da Finlândia à França). 
Nalguns Países optam por realizar as Festas Juninas  em 21 de junho, mesmo quando este não é o dia mais longo do ano, outros comemoram em 24 de junho, o dia do solstício no tempo dos romanos. Os antigos romanos também realizavam um festival em honra do deus Summanus em 20 de junho. Na Wicca, os praticantes celebram no dia mais longo e a noite mais curta do ano, que não têm uma data definida, a partir do calendário celta de 13 meses.
Relativamente ao nosso País, depois da romanização, cristianizamos a festividade e celebramos a noite de 23 de Junho, Véspera de São João. 

A noite de S. João do Porto é a maior das tradições guardadas no espírito da cidade e talvez a que tem atraído mais Europeus e turistas de todo o Mundo. Nela existe a identificação de todos os rituais do solstício de Verão, na referência a cultos milenários do Sol, da vegetação ("Não há S. João sem alhos, / alfazema e rosmaninho (…). Popular), do fogo expresso no fogo de artifício que sobe no céu ("Donde vindes S. João, / com capa de estrelinhas?" Popular), na procura de ervas bentas (Todas as ervas são bentas, / em noite de S. João.) e das águas milagrosas, na prática de ver nascer o Sol. Pela madrugada dentro, as pessoas dirigem-se até ao mar e molham os pés, simbolizando os baptismos do São João. 

A celebração  ocorre antes do dia de Nascimento de João Baptista. O Evangelho de Lucas (Lucas 1:36, 56-57) afirma que João nasceu cerca de seis meses antes de Jesus; portanto, a festa de São João Baptista foi fixada em 24 de junho, seis meses antes da Véspera de Natal. Este dia de festa é um dos poucos dias dedicados a santos que celebra o nascimento do homenageado, ao invés de sua morte.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

José Eduardo Agualusa vence prémio literário de Dublin

O escritor angolano José Eduardo Agualusa foi distinguido hoje com o prémio literário internacional de Dublin, pela tradução inglesa do romance "Teoria Geral do Esquecimento", foi ontem anunciado (21 de Junho de 2017).
 
 
José Eduardo Agualusa era finalista do prémio literário internacional de Dublin deste ano, numa edição em que o escritor moçambicano Mia Couto estava também entre os finalistas, com a tradução de "A Confissão da Leoa".
 
O prémio literário de Dublin, de 100 mil euros, é gerido pelas Bibliotecas Públicas de Dublin, com o apoio da autarquia da capital irlandesa e é atribuído todos os anos a um livro escrito ou traduzido para inglês.
 
Os 100 mil euros do prémio são entregues na totalidade ao autor se o livro tiver sido escrito em inglês ou, caso se trate de uma tradução, repartidos em 75 mil euros para o escritor e 25 mil para o tradutor.
O processo de nomeações para o prémio é feito por mais de 400 bibliotecas a nível mundial, sendo o júri da edição deste ano composto pela editora e professora universitária Ellah Wakatama Allfrey, pela tradutora e crítica Katy Derbyshire, pela escritora Kapka Kassabova, pelo professor universitário Chris Morash, pelo também escritor Jaume Subirana e por um elemento sem poder de voto, que preside ao painel, desempenhado pelo antigo juiz e atual parceiro de uma sociedade de advogados em Washington, Eugene R. Sullivan.
 
"Teoria Geral do Esquecimento", de José Eduardo Agualusa, que já havia sido finalista do Man Booker International em 2016, recebeu nomeações de quatro bibliotecas: Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles, em Brasília, no Brasil, a croata Gradska Knjiznica Rijeka, a Biblioteca Municipal de Oeiras e a Biblioteca Pública Municipal do Porto, em Portugal.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Há três palavras portuguesas que não se conseguem traduzir

Um novo estudo decidiu tentar traduzir as palavras sem tradução e expõe as palavras que, em todo o mundo, não têm interpretação literal. Três dessas palavras são portuguesas - saiba quais são.

Um novo estudo decidiu tentar traduzir as palavras sem tradução – as palavras que, em todo o mundo, não têm tradução literal em mais nenhuma língua. Três são portuguesas e constam na lista. A mais óbvia é saudade, mas existem mais duas.
O estudo foi elaborado por Tim Lomas, da Universidade de Londres, e conta já com um projeto pessoal, o Positive Lexicography Project. O objetivo é tornar familiar aquelas palavras que só são entendidas num certo país e que não têm tradução literal em nenhuma outra língua, mas que transmitem um sentimento específico que, segundo conta a BBC, é negligenciado pelas outras línguas.

Saudade
Esta palavra é, há muito, catalogada como sendo ‘só portuguesa’. Segundo a tradução feita, esta palavra significa um desejo melancólico ou nostálgico por uma pessoa, lugar ou coisas, que estão longe, quer no espaço, quer no tempo. Uma vaga de nostalgia que sonha, por vezes, com fenómenos que podem mesmo nem existir. Assim é a explicação da saudade, para Lomas. Para ilustrar a palavra ‘saudade’, o artigo da BBC fala da fadista Cristina Branco e das suas músicas com o tema do que é sentir-se saudoso a ponto de se morrer de saudade. Tal como tantos outros artistas o fazem.


Desbundar

A expressão é explicada, segundo a BBC, como sendo a forma de perder as inibições e, simplesmente, entrar em modo de diversão.

Desenrascanço
Toda a gente sabe o que é ‘desenrascar-se’ de algo. Pois bem, segundo conta a BBC, é o ato de se desembaraçar engenhosamente de uma situação problemática. Falta é a expressão exata para traduzir.

Além das palavras portuguesas, existem várias outras. Por acaso já se sentiu um pouco mbuki-mvuki? Ou talvez já tenha sentido um pouco kilig, ou até mesmo uitwaaien. O que lhe parece? Confuso? Pois bem, veja alguns exemplos de palavras (e sentimentos) que provavelmente nem sabia que existiam:

Mbuki-mvuki – Esta palavra é do dialeto africano Bantu e significa algo como ter uma vontade irresistível de tirar a roupa enquanto se dança.

Kilig – Termo filipino e tem um significado bastante específico: a sensação nervosa e vibrante que sentimos quando vamos conversar com alguém que gostamos.

Uitwaaien – Esta palavra faz juz ao efeito revitalizante de fazer uma caminhada ao vento e é holandesa.

Shinrin-yoku – Esta palavra é japonesa e significa algo como a sensação relaxante que se tem através de um banho na floresta (literalmente ou de forma figurativa).

Yuan bei – Palavra chinesa que simboliza um sentido de realização completa e perfeita.

Sehnsucht – Palavra alemã que, se traduzirmos de forma literal, fica algo como “desejos de vida”, ou seja, é uma espécie de desejo intenso por estados de espírito alternativos e de realizações pessoais, mesmo que sejam inalcançáveis.

Para descobrir mais exemplos de palavras cheias de significado em mais línguas, mas quase impossíveis de traduzir, visite o estudo aqui.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

As férias chegaram. O que fazer com as crianças ?

 
As férias iniciaram e logo vem a preocupação dos pais: O que fazer com as crianças?

Para quem não vai viajar, para os pais que estarão trabalhando normalmente, existem as colónia de férias. Alertamos apenas, para o fato de que o mais importante para este período é fugir da rotina escolar, brincar livremente e descansar. Sugerimos então, que não coloquem as crianças em colónias cujo objetivo seja “reforço”. Os pequenos precisam brincar e fantasiar, e para estes meses de descanso, o ato de brincar irá favorecer o processo de aprendizagem quando regressar à escola.

A brincadeira ajuda a desenvolver a noção espacial e corporal, a capacidade de solucionar problemas, a criatividade, a imaginação, a autonomia, entre tantas outras habilidades essenciais para o desenvolvimento cognitivo, e o consequente processo de aprendizagem.

O período de férias serve como uma “digestão cerebral”. Assim como os adultos, as crianças também precisam de um tempo para relaxar e processar as informações novas, para elas muitas vezes difíceis. O cérebro da criança vai consolidando todo o conhecimento adquirido durante os seis primeiros meses de aula, além de receber o merecido descanso. Elas precisam disso!

Os jogos eletrónicos e a TV podem entrar no “calendário de férias” como parte da programação, mas sugerimos que tenham um tempo limitado (o ideal, segundo a OMS, são duas horas por dia).

Além das programações como colônias de férias, cinema, praia, teatro e exposições, os pais podem criar junto com seus filhos um calendário com algumas atividades simples e divertidas para fazerem em casa. Atividades que não fazem parte da rotina da casa e das crianças, por mais simples que pareçam, se tornam inesquecíveis para elas. Seguem algumas sugestões, que podem ser adaptadas de acordo com a idade:

• Fazer arte com comidas cruas: criar um cartaz ou um quadro com grãos, diferentes tipos de macarrão, tinta, etc…
• Chamar um amigo para uma sessão de cinema em casa, com direito a quarto escuro, e pipoca.
• Construir um castelo, monstros ou carros com sucatas (potes de iogurte, rolo de papel higiénico, tinta, cola, palito de gelado, etc.) para brincarem junto com os pais à noite ou quando chegarem do trabalho.
• Iniciar uma guerra de travesseiros com seus filhos, ou outra coisa que bagunce a casa e que vocês não fazem normalmente.
• Dormir um dia na sala, numa cabana montada por vocês.
• Pedir que durante o dia criem uma revista ou história em quadradrinhos para lerem juntos à noite. Não determinem o tema, deixem que façam o que quiserem.
• Dia de Chef de cozinha: peça para que faça com cartolina um chapéu de cozinheiro (ou façam juntos) para que naquele dia ele cozinhe biscoitos 1, 2, 3 para comerem juntos, na sobremesa do almoço ou do jantar.
• Fazer fantoches com meias, e criar uma história para contar à mãe e ao pai.
• Criar um jogo de memória com papelão, caixa de sapatos… para jogarem juntos depois.
• Desmanche um velho equipamento eletrónico
• Sabe aquele computador velho que tem mais uso? Ou aquela máquina fotográfica? Ou uma fita cassete que você ainda tem? Que tal deixar a curiosidade dos mais velhos correr solta e oferecer para que as crianças desmanchem e vejam como eles funcionavam e como são seus componentes?
• Transforme sua casa em um GP! Com papéis ou caixas de papelão monte uma pista de corrida para os carrinhos das crianças. Vale pensar e estruturar curvas, despenhadeiros e até loopings.
• Que tal o dia de cuidar dos brinquedos? Além de deixa-los mais limpos, a brincadeira ajuda a criar um senso de responsabilidade pelos objetos.
• No momento de escolha dos brinquedos que “tomarão banho” poderão, juntos, separar os “excessos”, ou brinquedos que não usam mais para uma doação. Juntos, vocês podem ir à uma igreja, um orfanato ou creche para deixarem os brinquedos.
• Faça uma árvore genealógica: Rever as origens é ótimo para reviver sua história. Faça uma árvore genealógica com nomes, fotos, figuras, desenhos.
• Transformar a casa em uma grande gincana, que pode começar com uma teia de aranha gigante no corredor, feita com fita crepe colada de um lado a outro da parede. A brincadeira pode continuar com obstáculos de almofada, ponte onde eles só podem pisar numa linha reta, etc.

Desejamos ótimas férias e muita diversão para os nossos pequenos!
Fonte: Escola Vila Aprendiz (adaptado)

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Como fazer um bom exame de português? As dicas de três professoras, uma psicóloga e um aluno de 18,8

Vais fazer exame nacional de português e estás nervoso ou nervosa? Então respira fundo e tenta acalmar-te. O Observador falou com três professoras, uma psicóloga e um aluno de 18,8 que te dão dicas.

Se, quando estiveres a ler este artigo, ainda não tiveres ido dormir fica, desde já, a saber que uma boa noite de sono é fundamental para que a prova te corra melhor e que já começam a ser horas de ires para a cama descansar. Se já acordaste e só agora estás a lê-lo, retém algumas dicas que ainda te podem ser úteis para o exame: toma um bom pequeno-almoço, tenta ir calmo para a prova, pensa positivo e sê eficaz na realização do teste, com a ajuda de alguns conselhos que reunimos neste artigo. Senão, ficam já para o próximo, ok?

“Os alunos, que trabalham, claro que estão ansiosos. Mas agora parou. Uma boa noite de sono é essencial. Devem relaxar, tomar um bom pequeno-almoço e ir para a escola tranquilos. E devem pensar que se estão a fazer o exame é porque tiveram notas para estar a fazê-lo. Além do mais o exame está em português e eles falam português e têm capacidades cognitivas para interpretar os textos e as questões”. A mensagem é da professora de português Alice Ribeiro, da Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, em Valadares, Vila Nova de Gaia.


Respirar fundo”. É que o deves fazer mal entres na sala de aula, aconselha a psicóloga Mónica Bento. Além disso, “devem pensar que é só mais uma prova que vai aferir os conhecimentos, e devem ficar tranquilos porque estudaram. E se não correr bem há sempre uma segunda fase. A postura deve ser de serenidade”. E neste processo, os pais têm um papel importante: “Devem ter uma postura de tranquilidade também.”

E se és daqueles alunos inseguros e achas que estudar até à última, ou acordar de manhã mais cedo para rever a matéria, vai ajudar, fica a saber que de pouco ou nada adiantam essas horas de estudo e que podem até ser contraproducentes, avisam as professoras e a psicóloga ouvidas pelo Observador.
Na véspera do exame os alunos devem descansar porque aquilo que deveriam ter feito e estudado já devia ter acontecido antes”, frisa a psicóloga Mónica Bento.
Pedro Miguel Coelho teve a melhor nota, no exame nacional de português, da Escola Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim, em 2015, e só estudou até à hora de almoço do dia antes da prova. “Depende muito de cada um, mas eu acho que o ideal é nem se estudar no dia anterior. Não é por mais três ou menos três horas que vamos saber Os Maias todos”, graceja o aluno, que está a chegar ao fim do 1.º ano do curso de Medicina na Universidade de Coimbra. Conselho?
Não vale a pena estar stressado, o que é preciso é estar concentrado”, garante Pedro M, Coelho
Nervos postos de parte, o que é preciso é teres muita atenção durante a prova e aplicares os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos.


Lê com atenção, aposta naquilo que dominas e revê a prova


Um passo de gigante para que a prova te corra bem passa por leres com muita atenção os textos e as perguntas que constam do enunciado,”primeiro uma leitura global e depois uma leitura dirigida”, avisa Maria Júlia Freire, professora de português na Escola Secundária Manuel Cargaleiro, no Fogueteiro, Seixal, que aconselha os alunos a “começarem pelo grupo onde se sintam mais à vontade”, até porque isso lhes dará confiança para completarem o exame.
Aconselho os alunos a começarem pelo grupo onde se sintam mais à vontade”, destaca Maria Júlia Freire, professora de português na Escola Secundária Manuel Cargaleiro, no Seixal.
E se por acaso não estiveres a conseguir responder a uma questão não percas muito tempo. Passa à frente e voltas lá no final, sugere a mesma professora. E é também esse o conselho de Pedro Miguel Coelho: “Se o aluno não estiver a perceber a pergunta deve reler o máximo de vezes possível, sem gastar demasiado tempo. Se vir que já passaram dois minutos e meio ou três devem passar para a pergunta seguinte até porque pode encontrar alguma dica para a resposta anterior. Caso contrário, na revisão, se sobrar tempo, volta lá.”

Controlar o tempo da prova é, aliás, essencial “ainda que o tempo nunca tenha sido, até hoje, um problema no exame de português”, alerta Alice Ribeiro, professora de português na Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, em Valadares, Vila Nova de Gaia. E como é que isso se faz? “Olhando para a prova, vendo quantas perguntas tem, que tipo de matéria traz e calculando quanto tempo precisam para responder a cada um dos três grupos.”

É também importante, sublinham ambas as professoras, que sobre tempo no final para reveres a prova. Desta forma poderás verificar se te escapou alguma questão, se está tudo devidamente assinalado ou se cometeste algum erro. Na opinião de Alice Ribeiro só há uma parte da prova em que não se deve mexer.
Eu costumo dizer aos meus alunos que está proibida a revisão da escolha múltipla. Nestas, normalmente, o bom aluno vai fazer asneira. E se não souberem mesmo a resposta, tentem a sorte. Deixar em branco é zero garantido, assim pode ser que tenham sorte”, aconselha a professora Alice Ribeiro.
De resto é “fundamental a estruturação do discurso“, alerta Maria Edviges Ferreira, presidente da Associação de Professores de Português. “Devem ter muita atenção à correção linguística como a acentuação, a pontuação, a ortografia (atenção ao acordo ortográfico) e a sintaxe”, completa Maria Júlia Freire.

E para ajudar às respostas, é importante ires fazendo sublinhados no texto, ou tomares notas, em forma de tópicos, na folha de rascunho.

Alice Ribeiro, que é também corretora de provas, sublinha que “um grande testamento normalmente é um texto caótico em termos de organização. Não é bom”. “Quando olho para o texto do último grupo do exame e vejo um parágrafo único ou dois parágrafos, em termos de estruturação, é logo zero”, garante. Por isso, já sabes: estrutura bem as ideias e usa conectores que permitam criar uma progressão na tua argumentação.

É preciso frisar, avisam os professores com quem o Observador falou, que português é a prova que mais alunos leva a exame. Em 2016 estavam inscritos quase 55 mil alunos internos nesta prova e mais de 75 mil no total (incluindo externos, para melhoria de nota).

E muitos desses alunos são de ciências “e estão frisados em matemática e física e não se esforçam a português. A grande preocupação deles é com a matemática que é a prova específica na maioria dos cursos que pretendem”, justificou Maria Edviges Ferreira, presidente da Associação de Professores de Português.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Cabo Verde- Kola San Jon e o livro "Cultura Proibida, Património Estimado"

O lançamento do livro “ Cultura Proibida, Património Estimado “, versando a riqueza do Kola San Jon, expressão cultural nas ilhas de São Vicente, Santo Antão e São Nicolau (Cabo Verde), decorreu no dia 12 de junho, no auditório da sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
 
Depois do lançamento do livro, o “grupo do Kola San Jon invadiu com o barco, incentivado pelo rufar dos tambores, a Baixa lisboeta, Alfama e Mouraria, inserido nas Festas de Lisboa.

O grupo do Kola San Jon da Associação Cultural Moinho da Juventude festeja, desde 1991, os Santos Populares no Bairro do Alto da Cova da Moura. Em 2013, a festa do Kola San Jon foi reconhecido como Património Cultural Imaterial de Portugal.

Aqui o filme que foi criado no âmbito da candidatura da Festa de Kola San Jon ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial .

terça-feira, 13 de junho de 2017

Estamos na época dos limões - presença das árvores na literatura

Joguei o limão correndo

Joguei o limão correndo
À tua porta parou;
Quando o limão te quer
Que fará quem o jogou.
O limão é fruta azeda
Criado em verde escuro
Gabar-se ninguém pode
Que tem amor seguro.
Eu hei-de te amar, menina
Quando a silva der limões
Os limões derem couves
Alfaces, maracutões.
O limo do rio é verde,
Inda mais verde é o limão
A terra tudo consome
Té mesmo a própria paixão.
Recolha de cancioneiro popular feito por Francisco Xavier d´Athaide Oliveira


segunda-feira, 12 de junho de 2017

Para que servem os livros antigos?

Dizem que um poeta francês foi uma vez apresentado a um riquíssimo banqueiro. O apatacado personagem perguntou ao poeta: 
- Para que serve a poesia?
E o poeta respondeu-lhe:
- Para o senhor, não serve para nada.
Tinha razão o poeta. Para muita gente, tudo na vida deve ter uma utilidade. Para essa gente pretensiosa não adianta explicar certas coisas, elas não chegaram ainda a um desenvolvimento cultural suficiente para apreciar as coisas sem utilidade aparente.
 Se nós examinarmos a evolução, o progresso do mundo, notaremos que só nos países mais adiantados se dá valor às coisas sem utilidade apreciável. É com o progresso material , com a riqueza, que surge a culura, o amor e o respeito pelas coisas tidas como inúteis. É nos países adiantados que se encontram as mais belas bibliotecas, os museus, as coleções particulares de arte. Não quero dizer com isso que só nesses países há gente capaz de apreciar devidamente essas coisas, mas quero notar que esse fato é um índice de progresso. Não é somente a produção per capita que indica o adiantamente de uma região.
Quando se estuda a história das grandes bibliotecas do mundo, das grandes bibliotecas nacionais que fazem o orgulho de muito povo, vê-se logo que elas se formaram, tendo como base uma coleção particular e foram se enriquecendo com a aquisição ou doação de outras coleções particulares. Foram os Mazarin, os Grenville, os Barbosa Machado que, legando ou vendendo seus livros à nação, enriqueceram o patrimônio nacional. 
Se não fossem os amadores americanos que reuniram coleções, alguns à custa de paciência, conhecimento e gosto, outros a poder de milhões, o que seria das famosas bibliotecas e museus dos Estados Unidos? Ninguém pode hoje estudar seriamente Shakespeare e seu tempo, sem frequentar a Folger Library, em Washington e não em Londres, na biblioteca formada por H. C. Folger, no prédio que ele mandou construir.
Seria um não acabar mais o querer mostrar que, graças a colecionadores particulares, muito tesouro é salvo. (...)
A bibliofilia não é somente um passatempo de homens cultos, um hobby inocente, um emprego de capital para alguns espertos, um negócio para milhares de pessoas no mundo. É uma obra de benemerência. 
Se depois de todos esses argumentos ainda houver quem lhe pergunte: "Para que serve colecionar livros raros?" - então voltaremos à velha história que acima contei. Para aqueles que lhe fizeram pergunta, responda: "Para você, não serve para nada".

 
Ruben Borba de Moraes, 'O bibliófilo Aprendiz". Casa da palavra produção editorial.4ª edição. Rio de Janeiro [2005]

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Sebastião da Gama- "Pelo que sonho é que vamos"



Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?

Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.


Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.


Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Qual será a tua idade noutro planeta do Sistema Solar?

Queres saber qual será a tua idade noutro planeta? Por exemplo em Vénus ou Neptuno?
Entra no seguinte site e diverte-te! Poderás saber a tua idade nos vários planetas do Sistema Solar!

Idade Noutros Planetas
Calcula a tua Idade Noutros Planetas!

terça-feira, 6 de junho de 2017

José Saramago- "Quero é recuperar, saber, reinventar a criança que eu fui"



"Quero é recuperar, saber, reinventar a criança que eu fui. Pode parecer uma coisa um pouco tonta: um senhor nesta idade estar a pensar na criança que foi. Mas eu acho que o pai da pessoa que eu sou é essa criança que eu fui. Há o pai biológico, e a mãe biológica, mas eu diria que o pai espiritual do homem que sou é a criança que fui."

(Público, Lisboa, 14 de Outubro de 1998, José Saramago nas Suas Palavras)

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Vencedores do concurso "Adivinha Se Puderes" ano letivo 2016/2017

Parabéns aos Alunos

Joaquim Leal, do 7º RE, vencedor 2º ano lectivo consecutivo da Escola Básica e Secundária de Rebordosa 



ao José Teixeira, do 7º VC, da Escola Secundária de Vilela

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Luís Vaz de Camões- "Vi já das altas aves a harmonia"

Fonte: National Geographic

"Vi já das altas aves a harmonia,
Que até aos montes duros convidava
A um modo suave de alegria."
~ Luís Vaz de Camões

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Dia Mundial da Criança


A RUA É DAS CRIANÇAS 

"Ninguém sabe andar na rua como as crianças. Para elas é sempre uma novidade, é uma constante festa transpor umbrais. Sair à rua é para elas muito mais do que sair à rua. Vão com o vento. Não vão a nenhum sítio determinado, não se defendem dos olhares das outras pessoas e nem sequer, em dias escuros, a tempestade se reduz, como para a gente crescida, a um obstáculo que se opõe ao guarda-chuva. Abrem-se à aragem. Não projetam sobre as pedras, sobre as árvores, sobre as outras pessoas que passam, cuidados que não têm. Vão com a mãe à loja, mas apesar disso vão sempre muito mais longe. E nem sequer sabem que são a alegria de quem as vê passar e desaparecer." 

Ruy Belo in Homem de Palavra(s) (1970)

Para saberes mais sobre o Dia Mundial da Criança, clica aqui

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Vêm aí os exames: Dicas para estudar melhor, segundo a ciência

Com a época de exames à porta, reunimos 17 recomendações de cientistas para um estudo com melhores resultados.
Fonte: Visão, 27/05/17
A época de exames é a pior altura do ano para qualquer estudante. São noites sem dormir, refeições fora de horas e uma sensação horrível de tanto estudar e nada saber. Para prevenir que chegue a este desespero, reunimos 17 dicas aprovadas por cientistas para fazer o seu estudo render. Confira:

Aprenda a mesma coisa de maneiras diferentes

Em 2008, um estudo provou que diversos meios estimulam diferentes partes do cérebro. É mais provável que entenda e interiorize a informação se tiver mais partes do cérebro ativas. Por isso utilize diferentes meios para estudar, hoje leia as suas notas, no outro dia leia o manual, no outro veja apontamentos online, por aí fora.

Estude várias disciplinas no mesmo dia

É mais eficiente estudar diferentes matérias num dia, do que atirar-se de cabeça a apenas uma ou duas. Porquê? Porque, segundo Doug Rohrer, é provável que confunda informação semelhante se estudar muito da mesma disciplina num dia.

Reveja a informação periodicamente

Um estudo de 2008 prova que rever a informação periodicamente é essencial se quiser mover a informação da sua memória a curto prazo para a sua memória a longo prazo. Rever informação também impede que acumule matéria.

Sente-se nos lugares da frente da sala de aula

Estudos mostram que os estudantes que se sentam nos lugares da frente têm tendência a ter melhores notas. Ao escolher estes lugares, vai conseguir ver e ouvir os professores melhor, o que melhorará a sua concentração.

Não faça muitas coisas ao mesmo tempo

Os estudos não enganam: fazer muitas coisas ao mesmo tempo tornam-no menos produtivo e mais distraído. Bons estudantes focam-se numa só coisa ao mesmo tempo. Por isso não tente estudar enquanto vê televisão, responde a mensagens e verifica o que se passa nas redes sociais.

Simplifique e resuma

Está provado que utilizar técnicas mnemónicas aumenta a capacidade de aprender. Por exemplo, se tem que saber uma longa lista de conteúdos, decore as iniciais e construa frases do seu dia-a-dia que o poderão ajudar a assimilar a matéria. Faça também resumos, diagramas e mapas mentais. Estas técnicas permitirão que aprenda a informação muito mais depressa.

Tome notas à mão

Um estudo conduzido por dois professores, um da Universidade de Princeton e outro da Universidade de Los Angeles, prova que utilizar o computador para tomar notas não só aumenta as hipóteses de se distrair, como também torna a aprendizagem muito menos eficaz, mesmo que o utilize só para este fim. Estudantes que tomam notas à mão, processam e reformulam a informação enquanto os estudantes que utilizam o computador escrevem palavra a palavra o que os professores dizem, sem processaram a informação antes.

Anote as suas preocupações

Numa experiência, investigadores da Universidade de Chicago descobriram que estudantes que escrevem os seus pensamentos sobre um exame durante 10 minutos, têm melhores notas do que estudantes que não o fazem. A psicóloga Kitty Klein também provou que exprimir as preocupações do exame, aumenta a memória e a capacidade de aprender.
Para estar menos ansioso em relação a um exame, tire 10 minutos e escreva tudo o que o preocupa sobre a avaliação. Um simples exercício que o ajudará a melhorar as suas notas.

Teste-se a si mesmo periodicamente

Décadas de estudos provaram que testar-se a si mesmo é essencial se quiser aumentar a sua performance académica.
Num estudo, o psicólogo Keith Lyle ensinou o mesmo curso de estatística a dois grupos de estudantes. No primeiro grupo, Lyle pediu aos alunos para completar um teste de 4 a 6 perguntas no fim de cada aula. O teste era baseado na matéria dada em aula. No segundo grupo, o psicólogo não deu nenhum teste aos estudantes. No fim do curso, Lyle descobriu que o primeiro grupo teve melhores notas que o segundo grupo no fim dos exames.

Faça uma ligação entre o que aprendeu com o que já sabe

Os cientistas Henry Roediger III e Mark A. McDaniel explicam que quanto mais associar novos conceitos a conceitos que já conhece e entende, mais facilmente aprende a nova informação. Pode custar um pouco fazer essa conexão, mas o investimento vale a pena.

Leia a informação em voz alta

Estudos mostram que ler a informação em voz alta ajuda os alunos a aprender mais rápido do que se a lerem em voz baixa. Quando lê a informação em voz alta, consegue vê-la e escutá-la e quando a lê em voz baixa, só a consegue ver. Não é muito prático ler toda a informação em voz alta, por isso recomendamos que faça um resumo com as informações-chave.

Faça pausas

Fazer pausas regulares no estudo, melhora a produtividade e ajuda-o a concentrar-se.
Não é boa ideia trancar-se no quarto a estudar horas a fio. Faça pausas de 5 a 10 minutos por cada 40 minutos de estudo. Durante as pausas, tente não utilizar o seu telemóvel ou computador, uma vez que estes impedem o seu cérebro de relaxar totalmente.

Incentive-se a si mesmo

Antes de começar uma sessão de estudo, estabeleça uma recompensa por completar essa sessão. As recompensas podem ser algo simples como comer um chocolate ou tomar um longo banho. Ao fazê-lo irá estudar melhor e aprender mais depressa, mostra um estudo de 2006.

Coma frango e ovos

Uma equipa de investigadores da Universidade de Boston conduziu um estudo em 1400 adultos durante 10 anos e descobriram que os participantes que tinham uma dieta alta em colina, vitamina B, tinham uma melhor performance em testes. A colina é essencial para a formação de novas memórias, e está muito presente em ovos e galinhas.
Se for vegetariano, pode incluir a colina na sua dieta ingerindo os seguintes alimentos: Lentilhas; Sementes de girassol e abóbora; Amêndoas; Couve; Couve-flor; Brócolos

Beba pelo menos 8 copos de água por dia

Não beber a quantidade diária suficiente de água é prejudicial ao cérebro. Investigadores da University of East London descobriram que o poder que o cérebro tem de processar informação decresce quando está desidratado. Outros estudos provam que a desidratação faz com que a massa cinzenta do cérebro encolha. Beba no mínimo 8 copos de água por dia e traga sempre consigo uma garrafa de água. Durante um exame, beba água a cada 40 minutos.

Faça exercício

O exercício físico é bom para o corpo e para o cérebro.
Vários estudos mostram que exercitar melhora a memória e o funcionamento cerebral. Por isso, faça exercício pelo menos três vezes por semana durante 30 a 45 minutos. Estará mais saudável, e lembrar-se-á melhor da informação aprendida.

Durma

Este é o passo mais importante e o mais ignorado pelos estudantes. Estudos provam que se dormir o tempo suficiente, 8 horas diárias, estará mais concentrado, irá aprender mais depressa, e a sua memória melhorará. Também o ajudará a lidar com o stress com mais facilidade. Além disso, a especialista do sono Dan Taylor diz que aprender a matéria mais difícil antes de se deitar faz com que se lembre dela com mais facilidade no dia seguinte.
Não faça noitadas de estudo. Um estudo da psicóloga Pamela Thacher mostra que estudantes que passam noites a estudar têm resultados mais baixos e cometem mais erros por distracção.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Há uma nova forma de falar sobre o racismo em português


A palavra racismo é polissémica, escrita e pronunciada em muitas línguas, mas será que já pensou em abordar este assunto numa única plataforma feita em língua portuguesa? A pensar nisso, um site concebido pelo jornal português Público e em colaboração com a Fundação Francisco Manuel dos Santos traz uma forma inusitada de falar sobre o racismo.

Com destaque para cinco países: Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, o portal mostra cinco viagens, cinco reportagens e mais de 100 entrevistas que contam como foi a presença portuguesa nas suas antigas colónias.

Joana Gorjão Henriques, uma das mentoras da iniciativa, aborda sobre o lado esquecido do colonialismo afirmando que mais do que fazer julgamentos sobre se o que as pessoas contaram estava certo ou errado, interessou ouvir o que sentem e como olham para a discriminação racial exercida pelos portugueses durante o colonialismo e que cicatrizes permanecem.


Descubra aqui o portal e aprenda sobre o racismo na nossa língua.